Bom, voltei hoje do show do Pearl Jam, estou com uma gripe forte, mas vou tentar escrever como foi a experiência do festival; depois escrevo sobre o show do Pearl Jam.
Ir em festivais no Brasil virou uma dor de cabeça; cheguei as 9:30 da manhã e entramos às 11:00. Até aí tudo bem, quem chega assim tão cedo sabe que tem que esperar na fila. Depois que o portão abriu, fui até o palco principal e consegui ficar uns 25 metros do palco na grade lateral, lugar minimamente decente para ver o show. Aí vem todos os problemas. É claro que eu sei que se chegasse mais na hora do show não precisaria ficar tanto tempo esperando, mas queria ver a banda de perto, aproveitar as poucas chances que tenho para assistir a um show da banda que amo.
Mas a minha crítica não é essa; o que me deixa triste em shows no Brasil é ficar esmagado, junto com outras pessoas, por horas e mais horas. Chegando a hora do show do Pearl Jam, várias pessoas estavam desmaiando e algumas perto de mim estavam completamente esmagadas e não conseguiam ver nada! Quando o show começou, mais 10 pessoas passaram mal, algumas desmaiaram; até o final do show contei, por cima, mais de 25 pessoas retiradas da “lata de sardinha”, suando, vermelhas e/ou desacordadas, que tiveram que ser levadas para uma ambulância. A culpa é delas? Elas não comeram nada, não beberam nada? Não, elas simplesmente não conseguiam se mover! Como iriam para o banheiro? Comprar refrigerante que era vendido no meio da plateia só era possível com a estúpida “moeda” do festival na mão, ou seja, não tinha como sair do aperto e trocar o dinheiro de verdade pelas “pillas”. Ainda bem que a organização do show distribuiu água para o “gado” que se submete (incluindo eu) a essa triste experiência .
Outra coisa que me deixou triste e revoltado foi quando Per Almqvist, vocalista do The Hives, pediu para a plateia se abaixar por um momento, pois haveria uma parte da música em que todos levantariam (meio jardim de infância, certo?). Mas enfim, quando ele pediu isso, é óbvio que foi impossível para o público atender ao pedido do cara; estavam todos tão apertados que era impossível se abaixar (ainda mais até o chão). A banda, que provavelmente já tocou em vários festivais, não entendeu que era impossível se abaixar; é claro, em lugares mais civilizados o público fica minimamente confortável e pode se abaixar, mas aqui não; todos estavam esmagados. Esse acontecimento, aparentemente bobo, esconde uma triste verdade: enquanto em outros lugares, shows, festivais, é possível se movimentar na plateia (agachar-se é o mínimo de movimento, certo?), aqui no Brasil, ficamos estáticos, em pé, sem poder fazer nada, por horas e mais horas. Sei que não é apenas no Brasil que isso acontece, mas por favor, tenhamos o mínimo de senso crítico: achar que tudo aquilo foi bom e pretensão demais. É claro que o show do Pearl Jam foi ótimo, sempre é, mas é esse pré-show que irrita. Ou seja, se você quiser assistir a um show de perto (não tão perto assim pra muita gente), precisa se submeter a toda essa desorganização; tudo isso por 350 reais.
A pergunta que faço aqui é: a culpa é de quem?
A minha resposta: Tanto de nós (público), quanto dos organizadores do evento.
Nós, porque achamos que correr até se esmagar na frente do palco é correto. Sugestão: tenhamos mais calma na hora; ficar alguns metros para trás, e com um mínimo de espaço entre cada pessoa, torna a fantástica experiência que é ver um show do Pearl Jam ainda melhor. Vejam os shows dos dvds da banda, especialmente o Live at the Garden e o Touring Band 2000; no primeiro, o público assistiu tranquilamente ao show (e era em Nova Iorque! Imagina em cidades menores dos Estados Unidos). Assistam, e vocês vão entender melhor o que eu quero dizer.
E a culpa é também da organização. Não digo tanto pela quantidade de gente, mas por permitir toda essa gente se esprema em um espaço mínimo. Sugestão? Separar a plateia em vários “blocos”, desde o palco até uma distância que normalmente ficaria lotada na hora do show, e calcular a quantidade de pessoas que podem ocupar esses espaços com o mínimo de conforto. À medida que o público vai chegando, bombeiros podem decidir quando um bloco, por exemplo, o mais próximo do palco, estiver cheio, e liberar o nível seguinte; ou fazer uma estimativa antes do show e liberar a quantidade decidida de cada divisão. Não seria preciso diminuir o número de ingressos vendidos (já que a ganância sempre vence nessas horas), mas apenas organizar a plateia em divisões; evitando desmaios, pessoas passando mal, e esmagamentos. Vocês podem perguntar: mas como essas pessoas irão transitar pelo festival se estão dentro de uma das divisões? Talvez pulseiras, cada uma com a cor de cada bloco, pudessem ser distribuídas para cada pessoa quando elas entrassem no bloco; basta colocar um funcionário em cada saída para controlar quem sai e entra. Mas aí a área, principalmente a mais perto do palco, iria ficar vazia até o show do Pearl Jam? É possível, paciência; infelizmente não há uma maneira perfeita de se resolver a questão. Fãs do The Hives veriam o show na hora que a banda entra, e fãs do Pearl Jam poderiam entrar na área que receberam a pulseira na hora do show do Pearl Jam. Mas convenhamos, se deixássemos o espaço mais confortável, com menos gente em cada bloco, a maioria ficaria e curtiria todos os shows, tendo a chance de sair a hora que quisesse para ir ao banheiro ou comprar comida e bebida.
Pessoal, podem criticar as minhas opiniões ou colocar outras ideias. A experiência de ver o Pearl Jam aqui no Brasil não precisa ser dessa forma!
Em breve posto as minha impressões do show da nossa querida banda! Aproveitei enquanto a coisa estava quente na minha cabeça (talvez seja a febre) para escrever esse depoimento!