O Mike deu uma breve mas interessante
entrevista ao jornal Estado de São Paulo. O guitarrista falou sobre a vinda da banda para o Lollapalooza ano que vem, sobre como a banda vem tocando juntos a mais de 20 anos e sobre o novo álbum que, de acordo com ele, será experimental, punk rock, além de ter músicas lentas. Confira abaixo:
Como conseguiram ficar tanto tempo juntos?
São muitas razões. Primeiro, somos como irmãos, amamos uns aos outros. Também somos bons parceiros de negócios. Segundo, é porque ainda temos fãs, e fãs cada vez mais novos. Por alguma razão, nosso trabalho continua falando às novas gerações, como The Who, como Stones, as bandas que crescemos ouvindo. Temos um grande time de pessoas nos cercando. É tudo parte da vida. No final do dia, eu toco o meu melhor quando estou tocando com o Pearl Jam. Não precisamos falar, compreende? Mas o fato é que não tenho uma resposta precisa, são diversas.
Ainda assim, vocês estão sempre envolvidos em projetos paralelos, dão um tempo com o Pearl Jam sempre que podem.
Mas o Pearl Jam é nossa prioridade número 1. Estamos trabalhando num novo disco, ainda estamos compondo. Temos umas sete ideias já buriladas, mas está no meio do processo. Sinto que é experimental, mas também é punk rock, tem canções lentas, tem boas melodias. Estamos tratando o disco como um bebezinho, uma garotinha em crescimento. Não temos ainda uma data preliminar para o disco ser lançado. Nós todos somos muito sérios em relação à música, queremos primeiro analisar, sentir. Vai ser um belo disco, prometo a vocês.
Vocês estão voltando para fazer show no Lollapalooza Brasil. É uma plateia menor do que da última vez, em 2011, quando tocaram para 50 mil pessoas em um estádio. Como se sente voltando para um show em festival?
Bom, primeiro, eu adoro São Paulo. Há cafeterias ótimas, pessoas bacanas, a segurança é muito boa. Ficamos maravilhados com a plateia de 50 mil pessoas, com tanta paixão, tanto fogo. Sentimos a energia, é ótimo quando as pessoas respondem àquilo que você faz. Ficamos muito agradecidos. No Lollapalooza não será diferente: esperamos por bons cafés, plateia envolvida e um grande show.
Em São Paulo, vocês tocaram uma canção nova, Olé. Ela vai constar do disco novo?
Olé é um indicativo de como o disco talvez vá soar, é mais rápida. As pessoas gostaram muito. Tocamos na Ásia, na América do Sul, sempre gostamos de tocar coisas novas. Espero que vá para o disco.
Esse festival, Lollapalooza, está se espalhando. Primeiro era só nos Estados Unidos, daí veio ao Chile, a São Paulo e agora vai a Israel. Como você vê essa globalização dos grandes festivais?
Bem, sou um fã do esforço de Perry Farrell em conceber o Lollapalooza. É uma reunião de diferentes tipos de bandas. Eu me recordo da minha primeira experiência pessoal lá, em 1991. Foi muito excitante, doida. As pessoas se divertem mesmo. Nós iniciamos isso tudo, tocamos com o Soundgarden. E o fato de estar se tornando global eu acho superimportante nestes momentos de conflito, de crise, de negatividade, de violência. É importante estar trazendo algo positivo, algo que é uma celebração da música, da vida. Eu agradeço muito a Perry Farrell por estar fazendo isso.
Você considera que o filme sobre os 20 anos do Pearl Jam marca um novo capítulo para a banda?
Acho que quando um filme ou um livro são lançados, as pessoas sempre pensam que aquilo dá sentido para todos os 20 anos de sua carreira. Dá um sentido linear, quero dizer, tipo "fizeram isso, fizeram aquilo". Mas eu não sinto como se aquele filme ou aquele livro nos encapsulasse em um momento histórico e, de repente, a gente começasse a dizer: bom, então aquilo tudo se foi e agora estamos começando a fazer isto aqui. Não é assim.