terça-feira, 2 de outubro de 2012

Outra entrevista do Mike: "É Como Voltar Para Casa"


O guitarrista do Pearl Jam, Mike McCready

O Mike deu outra entrevista, agora para o Jornal Folha de São Paulo. Não há nada de muito diferente da entrevista anterior que ele deu para o Estadão, mas vale a pena dar uma conferida:

Folha - Como você se sente voltando ao país?

Mike McCready - Estamos muito felizes. O público brasileiro é insano. Desde a primeira vez que tocamos aí, ficamos maravilhados com nossa recepção no país. É como voltar para a nossa casa. Nos sentimos muito bem aí.

Vocês têm uma relação antiga com o Lollapalooza, não?

É verdade. Em 1992 estávamos começando, e Perry Farrell nos escalou para tocar no festival nos EUA.
Éramos a segunda banda do dia (depois de Lush e antes de The Jesus and Mary Chain, Soundgarden, Ice Cube, Ministry e Red Hot Chili Peppers). Só tínhamos meia hora no palco, o que nos forçou a fazer um show muito intenso. Foi aí que começamos a perceber que a banda estava decolando. Havia 20 mil pessoas para nos ver tocar às 16h. Foi insano. Pessoas começaram a aparecer com tatuagens do Pearl Jam, ficamos chocados. E uma coisa curiosa foi que o Green River [banda em que tocavam Jeff Ament e Stone Gossard, que depois viriam a formar o Pearl Jam] acabou depois de abrir um show do Jane's Addiction [banda de Perry Farrell], em 1988...

Por quê?

Bom, acho que Jeff e Stone viram o Jane's Addiction e perceberam que nunca conseguiriam fazer nada parecido com o Green River, e a banda acabou. Na época, o Jane's Addiction era uma das bandas favoritas da nossa geração. 

Voltando ao festival, o que um evento precisa ter para que o Pearl Jam aceite tocar?

Em primeiro lugar, precisamos nos sentir confortáveis com o evento e com os organizadores, e isso certamente acontece com o Lollapalooza e com Perry. É um evento multicultural e muito legal. Há um espírito de camaradagem entre as bandas, e isso é muito importante para nós. Se Perry estiver por lá, quem sabe ele não sobe no palco e dá uma canja com a gente?

Alguma notícia em relação a um disco novo do Pearl Jam? O último disco de inéditas de vocês é o "Backspacer", que já tem três anos.

Estamos com sete músicas gravadas e pelo menos mais 15 ideias nas quais estamos trabalhando. Mas estamos com muita calma. Eddie [Vedder, vocalista] está fazendo sua turnê solo, Matt [Cameron, baterista] está tocando com o Soundgarden e eu estou fazendo música com o Duff McKagan.

O Pearl Jam sempre foi uma banda que trabalhou de forma independente. Vocês brigaram com a Ticketmaster [poderosa empresa de venda de ingressos] e organizaram suas próprias turnês, depois lançaram discos independentes. Como você vê a indústria musical hoje?

Mudou muito. Não existem mais as grandes gravadoras, então as bandas precisam assumir o controle de suas carreiras. Acho que você tem de ser mais criativo para se destacar hoje em dia. Mas continuo achando que a melhor maneira de uma banda se tornar popular é excursionar. Tocar todo dia, nem que seja para um público pequeno. É isso o que forma fãs.

E a música nova? O que você tem ouvido?

Gostei muito do último disco do Jack White ["Blunderbuss"], embora ele não seja um artista novo. Gosto de Florence and the Machine, Alabama Shakes e Black Whales. Mas continuo ouvindo muita música dos anos 1960 e 1970.

O Pearl Jam gravou um disco ("Mirror Ball") e excursionou com Neil Young, e nos shows sempre toca músicas de bandas antigas, como The Who. Vocês fazem isso por diversão ou para inspirar seus fãs a conhecerem artistas clássicos?

Se alguns de nossos fãs começaram a ouvir The Who, The Clash ou Neil Young, fico muito feliz. Mas, para nós, é um aprendizado tocar com nossos ídolos. Nunca vou esquecer uma noite em Israel, quando tocamos uma versão de 25 minutos de "Down by the River" com Neil Young, ou do dia em que Neil tirou seu violão no aeroporto, enquanto esperávamos um voo atrasado, e ficou um tempão tocando. Só de ver um cara desses tocar, eu já aprendo muito.

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