Fala pessoal, comentei alguns posts atrás que o Backspacer é um álbum razoável; algumas pessoas protestaram (obviamente tem todo o direito a isso), por isso, decidi escrever sobre o porque de eu achar ele mediano, razoável, e, porque não, medíocre:
Alguns meses antes do lançamento, lembro do Eddie comentar que eles estava cansado de fazer letras tétricas, cheias de frases complicadas, com sentimentos que eram "escondidos" na música, e que no próximo álbum (Backspacer) ele simplificaria as coisas. Se não me engano, parte dessa entrevista está no filme PJ20.
Bom, ele cumpriu a promessa; o Backspacer tem pouco mais de 30 minutos de duração e é rápido, direto no assunto, e suas letras são simples, apenas querem dizer o básico, aquilo que mais importa para uma pessoa (aproveitar as pequenas coisas, o amor, a amizade, as ondas do mar, etc.). Sem dúvida a banda fez aquilo que prometeu e com muita eficiência! Mas porque, toda as vezes que coloco o álbum para rodar, eu sinto que falta algo? Parece que o potencial da banda ficou longe daquilo que ele são capazes; é claro que não há nada de errado em simplificar as coisas, Leonardo da Vinci (sim, ele mesmo!) disse: "A simplicidade é o último grau da sofisticação", e foi seguindo essa máxima que a banda fez o Backspacer. Porém, o que eu sinto quando ouço ele é apenas um sucessão de músicas boas mas que não possuem aquela profundidade característica tanto das letras do Eddie quanto das melodias do grupo. Ao optar por algo mais direto, o Pearl Jam poderia deixar as coisas em um nível superior e mais trabalhado, mantendo um som que fez com que o Pearl Jam se tornasse conhecido. Apenas como comparação, pensem no Ten, cinco caras jovens, cheios de coisas para dizer, fizeram um trabalho muito profundo, cheio de questionamentos, riffs de guitarra desconcertantes e versos ríspidos. Com o Backspacer, cinco caras maduros e experimentados na música fizeram um trabalho mediano e comum quando poderiam fazer muito mais.
Será que a tranquilidade da vida familiar, o acomodamento de homens que estão perto dos 50 e financeiramente estáveis fazem com que falte criatividade para dizer mais através da música? O Eddie precisa de um presidente ruim, instabilidade financeira e crises de identidade para escrever letras mais interessantes?
Não sei, o próximo álbum talvez seja uma resposta. Espero algo que cause mais inquietude do que conforto; afinal, a arte é para aqueles que questionam algo, que possuem dúvidas.
Para terminar, quero esclarecer que não acho o Backspacer um álbum ruim; não considero nenhum álbum que eles fizeram ruim (músicas como "Gonna See My Friend", "Force of Nature" e "Unthought Known" são muito boas!). Sei que eles sempre levaram a sério a música e nunca vão produzir algo feito às pressas ou com uma qualidade que não satisfaça a eles. Eu apenas espero que o Backspacer tenha sido uma exceção em meio a regra: que o Pearl Jam sempre foi uma banda muito melhor do que esse último álbum mostrou.
Concordo com o fato do Backspacer ser um disco mais direto, sem tanta amarração. Algo simples e talvez sem profundidade. E mesmo assim é possível citar 'Unthought Known', 'Force of Nature', 'Gonna See My Friend' e 'Got Some' como boas músicas. Obviamente não possuem a mesma força e profundidade de Inside Job ou o desespero e grito de socorro de Alive. Realmente o Pearl Jam é muito influenciado pelo momento, ou, principalmente, o Eddie é. Eu gosto do Backspacer de maneira em geral. Talvez tenha sido a nova fase do Pearl Jam, em ter seu próprio selo, fazer as coisas como querem. Pra ser sincero, discordo só em um aspecto: o tipo de música do Backspacer é justamente a que vende e rende mais, com músicas mais simples e que pegam na cabeça (o yeah yeah yeah de The Fixer é um exemplo).
ResponderExcluirAcho que o album segue uma temática linear mais direta que trata de aspectos naturais, sobre a beleza da natureza e tudo mais, assim como o Rio Act tratava de política e questões pessoais, e o abacate de algo mais transcedental ao meu ver (ex. Come Back, Inside Job e Marker in The Sand). É como se fosse uma 'brincadeira', e isso se percebe até pelas artes do disco, o encarte e tudo mais.
Algo que penso 'negativamente' sobre o Backspacer é que ele é muito Eddie Vedder. Por exemplo com Just Breathe (de certa forma não é o Pearl Jam ali) e em The End. Sinto falta de ver mais participação do Stone principalmente nas composições.
De quaalquer forma, espero sempre surpresas com o PJ e aguardo por esse novo álbum pra ver se os 50 anos praticamente trouxeram algo maduro a eles.
Bem lembrado, Luiz... O encarte também diz muito sobre cada álbum, e o encarte do Backspacer não é exceção; e também concordo com a fato dele ser muito eddie vedder (conversamos sobre isso ouvindo um tributo ao pj!). As músicas do stone, jeff e mike acrescentam absurdamente a qualidade do álbum!
ExcluirA simplicidade de uma letra direta e reta pode, muitas vezes, carregar tanto ou mais sentimentos do que outra que deixa o que quer dizer subscrito. Músicas como The End, Unthought Know, Just Breath trazem a caracterísitca carga emocional do Eddie, talvez em uma forma mais diferente. Mas, o bom de um banda é conseguir ser ótimo até em uma aparente simplicidade. Amongst the waves fala do mar. Dá uma aula sobre o mar. Concordo que foge de temas mais corriqueiros do rock e até da própria banda, mas atenta para outros detalhes da vida. O que adianta brigar por política e dinheiro, esquecendo do primordial: a natureza, o céu (untought known), o inicio e o fim da vida (the end)?
ResponderExcluirJoão, estava aqui pensando em uma resposta para o outro post, concordando com sua opinião, e você escreveu literalmente o que eu estava matutando: falta algo no Backspacer pra mim também. E fiquei a questionar o que seria esse "algo". Você colocou uma possibilidade bem viável ao meu ver, e que foi complementada pela do Luiz, aqui acima. Também estou na expectativa de que o álbum novo traga essa energia de inquietude que acho que faltou no Backspacer. E fiquei satisfeita com os comentários do Mike, se ele acha que está melhor, confio nele!
ResponderExcluirBom saber que outras pessoas pensam parecido! Esse 'algo' é mistério, espero que ele apareça no próximo álbum!
Excluireu digo pra vcs o q faltou em backspacer! Falou o mike! não tem um solo nesse disco! coisa do tipo porch,garden, severed hand, alive.. o disco é tão direto ao ponto, q nao usou umas das maiores características do pearl jam.. os solos do mike e as quebradas de música! Tipo aquelas subidas e descidas..[vide given to fly, present tense, inside job] no BSpacer Elas são em geral, redondas, lineares, bonitinhas e curtas.. eu gosto do backspacer,suas músicas são boas pra compor um set ao vivo.. o q eu nao gosto é a demora entre um disco e outro... muito tempo pra lançar algo novo, depois de um disco tão curto e direto, onde nao tiveram toda a preocupação em cada faixa. Eu queria muito que o novo fosse duplo e totalmente viajante, sem preocupação com duração de cada música, puxando algo do the who.. faixas longas e músicas com muitas variações.. O mike disse q tem algo de pink floyd... agora é esperar pra ver! Usem o MIKE pearl jam!!!
ResponderExcluir* Faltou o MIke.. e nao falou!
ResponderExcluirEu acho que o problema de Backspacer foi a demora existir um sucessor. Lembro que na época que saiu o disco, muitos gostavam e inclusive foram as melhores criticas da banda desde Yield.
ResponderExcluirMas é um disco de momento. A banda estava nessa vibe ao lançar o disco, de músicas diretas e "fáceis". Essa enrolação pro lançamento do décimo disco fez Backspacer pesar mais do que deveria.
Particularmente, acho que Backspacer cumpre perfeitamente no que lhe foi proposto, mas não é um disco memorável como outros da banda. Também acho que está longe de ser o pior, gosto muito menos do Abacatão.
Eu acredito que o próximo disco vai definir a real qualidade de BS. Vai colocá-lo em perspectiva diante dos outros. Só espero que a banda não enrola (ainda mais) pra lançar esse novo trabalho. Já deu de projetos paralelos... queremos PJ!
O "algo" que faltou em Backspacer na minha opinião é a profundidade da música... Como este albúm é direto, rápido e pop (sim!), não teve tempo do diferencial, de pequenos detalhes nas músicas que fazem do Pearl Jam uma banda diferenciada...Porém, tem músicas muito boas sim, já citadas...
ResponderExcluirO que temos que ver é que a banda não segue uma linha em relação aos albúns. Cada um é de um jeito e sempre diferentes entre si, portanto, o próximo, com certeza terá sua própria identidade.
Agora, concordo plenamente que o Eddie Vedder precisa de umas instabilidades sociais, ou algo assim para se transformar e arrebentar na música...é gênio quando quer protestar...isso me lembra o Edmundo no Palmeiras....quando ele estava cheio de problemas extra campo, chegava no jogo e arrebentava...
Do mais, belo texto...um abraço.
Gostei da comparação futebolística! hahaha E de fato, cada álbum segue uma linha diferente, e o backspacer tem uma proposta bem clara...
ExcluirJoão, você tem exatamente a mesma opinião e o mesmo sentimento que tenho em relação ao Backspacer! Impressionante como você, obviamente sem saber, disse tudo que eu também penso a respeito.
ResponderExcluirTô contigo, velho!
E que o novo álbum seja de fato um novo momento, diferente e melhor.
ANONIMO.1:
ResponderExcluirÉ isso mesmo: faltou o Mike. O BS é caracterizado instrumentalmente pela bateria do Mestre Mat Cameron e pelas teclas do Boom. Ficar com a participação modesta do Mike é desperdiçar um gênio!
Outra coisa: um álbum duplo, "viajandão" e variado seria uma maravilha, apesar de improvável.
ANÔNIMO#2: Até estou acostumado com críticas ao Abacate. Acho inclusive que a ordem das músicas deveria ser diferente, não foi muito feliz. Mas fato é que adoro o Abacatão! A energia, o protesto e a transcendência dele são muito do que me liga ao Pearl Jam.
Curioso que as músicas que menos gosto no Abacate são justamente as que mais se parecem com o Backspacer: WWS, Big Wave e Comatose...
Gosto do Backspacer. Além das já citadas, destaco também a Supersonic.
ResponderExcluirConcordo com o Luiz em "Algo que penso 'negativamente' sobre o Backspacer é que ele é muito Eddie Vedder. Por exemplo com Just Breathe (de certa forma não é o Pearl Jam ali) e em The End."
Prezados jammers vcs vão me desculpar... Mas o BACKSPACER é um discaço!!! É verdade que algumas músicas podem ser consideradas "somente legais", como por exemplo: J. guitar e Speed of sound, mas no geral é um disco repleto de clássicos: Gonna see my friend, Got some... Just Breathe, Amongst, UK.... Force of nature (!!!!)... The end. Basta ver o setlist dos últimos anos onde algumas das canções do BS entraram realmente para história... Não por acaso, uncle Willie Nelson regravou Just Breathe, numa releitura country incrível!!! Achar o Binaural um bom disco, porque é "cult" e de difícil interpretação é fácil... Que o novo disco seja simplesmente Pearl Jam de Eddie, Mike, Stone, Jeff, Matt e Boom. Sem o sobrenome de ninguem.
ResponderExcluirAbs
Pessoal, resolvi postar minha opinião aqui pela ótima qualidade dos comentários neste post do João. Nada de insultos ou comentários sem embasamento. Muito legal galera.
ResponderExcluirEu sou baterista e logicamente me ligo muito no que Dave K., Dave A., Jack e Matt tem feito nos álbuns e acho que as músicas com levadas mais Punk Rock do Matt são muito plastificadas. Não sei se vocês me entendem... Mas, por exemplo, desde 2000 iniciando o Binaural que canções como “Gods’ dice”, “Save You”, “World Wide Suicide”, “Comatose”, “Big Wave”, “Supersonic” não tem a energia impactante de “Spin the Black Circle”. Na minha opinião o PJ vem perdendo muito essa digamos “crueza” nas canções, sabe aquela sensação de improviso que rola no Vitalogy ou no No Code, como baquetas batendo ao fundo no fim das músicas, ou conversas rolando como no início de Brain Of J. Cara isso me dava a sensação de verdade nos álbuns. Tentem por exemplo sacar a bateria ao vivo de “Go” com Dave A. e a versão do Matt, é meio broxante com todo respeito a esse grande baterista.
Já que o assunto é Backspacer... Sei que a produção do Brendan O’ Brian ajuda muito nos discos, mas, acho que no Backspacer ele não se sintonizou muito com a banda. Concordo com a falta Mike e contribuição do Stone, pois, quando Stone e Eddie se fundem temos canções incríveis como “In Hiding” e por aí vai, preciso explicar mais sobre essa comparação? Quando o Eddie e o Mike se fundem temos pérolas como “Given to Fly”... Então será que “Just Breath” ou “The end” são realmente Pearl Jam? É meio estranho ouvir o trabalho do Eddie solo e ouvir estas musicas em meio ao repertório do Backspacer, prefiro quando há um trabalho conjunto. Vale ressaltar que o Jeff tem muitos méritos também “Nothing as it seems” e “Got Some” são provas disso.
Prefiro pensar o seguinte, o PJ nunca se repete, então tomara que o próximo álbum não tenha essas canções “plastificadas” e realmente contenham algo influenciado pelo Pink Floyd como o Mike tem dito. O Pink Floyd faz de uma música só, três ao mesmo tempo ou mais, e isso é genial, sinto isso em “Present Tense”. Ousadia e músicas destemidas é o que estamos querendo pelo que vejo aqui, e mesmo sem um presidente ruim ou bronca financeira sei que o quinteto tem muito potencial pra ir além. Só que todos têm seus trabalhos paralelos e talvez não estejam se reunindo tanto para improvisar ou tentar deixar as coisas fluírem como em outros tempos.
Toda essa demora pro lançamento do disco pode ser sim, uma tentativa de buscar essa naturalidade nas canções, digo isso porque sou sempre muito otimista em relação a banda e na maioria das vezes nunca me decepciono. Ouço todos os discos sem medo e cada um deles me levam para sensações muito distintas e isso é genialidade pura vindo de uma banda. Vamos esperar e ver no que vai dar. Que venha um novo álbum e uma nova banda, afinal eles estão mais maduros do que nunca.
Excelente comentário João Marinho! Plastificado talvez seja um termo legal para definir as músicas do Backspacer. E você falou tudo quando menciona a "sensação de improviso" dos álbuns anteriores... O Backspacer é certinho demais, quadrado demais. E achei perfeita a sua comparação com o Pink Floyd e a "Present Tense", e de que parece haver três músicas dentro de uma. É isso que dá consistência, força e qualidade pra canção e é isso que eu espero no próximo álbum!
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