Nós já trouxemos aqui no
blog diferentes interpretações para a Lightning Bolt e o que poderia ser a
inspiração para o Eddie compô-la. Apesar de ter gostado delas,
todas as interpretações me deixaram um tanto quanto inquieto principalmente
quando vi uma das fotos de divulgação do Ukulele Songs com o Ed sentado em sua
prancha de Stand-Up Paddle e um adesivo escrito Lightning Bolt, o que depois
descobri ser a marca da prancha. Confesso que passei todo esse
tempo desde que a música vazou pensando em várias coisas a respeito dela e só
nos últimos dias tive alguma inspiração para escrever algo sobre a letra.
Então, trago aqui uma resenha na qual aponto para o fato de que sim, a
Lightning Bolt foi escrita pensando na prancha do Eddie.
Começo pela parte
Looking
for a place to land
She said,
"Have you got yourself some sand?"
Penso
nisso como uma das principais evidências. Surfistas e praticantes de esportes
que utilizam prancha muitas vezes fincam a prancha colocando a mesma em pé na
areia enquanto realizam outra atividade, ou descansam.
Now she
comes after thee
With her
newly planted seeds and soon
Seriam as
sementes plantadas da paixão por ela, pelos esportes que ela proporciona? Pela possibilidade de exploração de um novo mundo?
You're
prone down on your knees and their you dig
Aqui está
outra parte interessante. Imagino que esta parte tenha a ver com a onda te
derrubar, te deixar de joelhos e depois o ‘dig’ (cavar) possa ter a ver com o movimento realizado
pelos surfistas até se aproximar e pegar a próxima onda, com os braços abertos
no mar como se estivesse ‘cavando’ na água.
You gotta
know you'll never let her go
She's a lightning bolt
Você nunca a deixará ir. Você se
apaixona pelo que ela permite que você faça, explorar os diferentes ambientes,
a natureza, o mundo. Sentir isso de maneira vibrante, com energia, como um
relâmpago. Ela (a prancha) é esse relâmpago, esse trovão, que propicia a
energia para você realizar isso. E imagino que isso possa ter a ver com a
passagem seguinte:
Always something and never nothing
Isn't that the way we're taught to be?
Somos
ensinados a nos tornarmos algo: termos uma profissão, construir uma família,
juntar dinheiro. Nunca somos ensinados a ‘fazer nada’, fazer algo sem um
sentido direto, um objetivo, pelo prazer de fazer. Algo que talvez não colhamos
frutos no futuro. Até que...
Until the lightning strike sets you free
Um raio
de luz te liberta disso. No caso a prancha, permitindo que você seja livre,
independente para explorar além dessas fronteiras, para ver o mundo, a natureza
de maneira diferente.
Mais adiante:
And with
no repair in sight
There is
no God with such might
As to
open her world wide with subterfuge
And your
death will soon arrive
As she
finally decides that all her
Problems,
the won't die with you
She’s a lightning bolt
Talvez
seja de fato uma morte, o fim da vida útil de algo. Não há como repará-la, nem
mesmo há um Deus com tanta força que consiga recuperar. E os problemas dela não
morrerão com você por que quando ela morrer você a substituirá. Ela é um
trovão, e trovão existem aos montes. E apesar de você amá-la, não deveria dar
tanto valor a algo material, pois ela te libertou mostrando um mundo diferente,
abrindo os caminhos para algo que você nunca havia sonhado antes conhecer.
Um
ponto principal que foi levantado em outra interpretação: em inglês, prancha é ‘board’.
Porém, acredito que em objetos de apego emocional e importância para as pessoas
seja possível utilizar ‘he ou she’ em vez de ‘it’. Por exemplo, há animais e coisas
inanimadas chamados assim.
Essa
interpretação da música pode soar uma brincadeira, pode até soar como algo ‘menos
bonito’, despreocupado. Afinal de contas, 'o Eddie compôs uma música pra uma prancha?'. Mas eu penso o contrário. A Lightning Bolt chegou aos nossos ouvidos
há cerca de 4 meses. E em apenas 4 meses diversas interpretações surgiram
tentando decifrar o que se passava na cabeça do Eddie em um de seus devaneios
criativos. Muitas metáforas podem estar envolvidas, o que é comum nas letras do Pearl Jam. Apesar de só ele poder dizer, creio que todos que interpretaram a
música estavam certos. Pois esse é o papel da música como arte. Considero uma
música de qualidade aquela que possui entrelinhas, subjetividade, para que cada
um a interprete, a sinta de uma maneira única. Essa passou a ser a maneira que
encaro essa música. Parafraseando o Neil Young em sua Autobiografia, ‘a música não
é para quem o artista faz, mas sim para quem a recebe’.
Lightning bolt é a marca da prancha.
ResponderExcluirInclusive o logo na prancha do Eddie é igual ao da marca.
Adorei, principalmente o final!
ResponderExcluirPor isso que o Pearl Jam pode ser surpreendente!
Eu também tive essa interpretação no primeiro contato com a musica.. mas o interessante é que variaas outras interpretações também se encaixam na letra.. isso é Pearl Jam...
ResponderExcluirQue massa! É bem mesmo o que o Luiz acabou de falar, concordo! Na primeira vez que eu escutei a música, lá quando o álbum chegou nas minhas mãos, eu não tinha entendido direito a letra, mas achava que ele estava falando sobre uma mulher. Depois, o João fez aquela resenha aqui no blog dizendo que era sobre a morte. Daí, teve um cara que fez um comentário neste mesmo blog, explicando com formas gramaticais e concordâncias da língua inglesa, que não era sobre a morte, e sim, sobre a filhinha do Eddie. Mas agora, tá na cara que é a prancha mesmo... Muito doido isso! Fiquei de cara!! Pearl Jam é altos surfezera mesmo. Sempre foi na verdade... Tanto nas letras quanto na sonoridade! Dá prá fazer altos clip de surf com as músicas do Pearl Jam no fundo...
ResponderExcluirEsqueci de comentar que, a cada dia que passa, fica muito claro prá mim que o álbum Lightning Bolt é uma OBRA DE ARTE FUDIDA!!!!!!
ResponderExcluirUma coisa que não entendo é se as letras podem ser interpretadas por vários ângulos, então porque que a música Pendulum não entrou no Backspacer já que a desculpa é que ela não combinava com estilo proposto no disco, lembrando que todos os discos da banda estão divididos em músicas rápidas e lentas, sendo que a pós a faixa Pendulum começa swallowed whole que é bem animada!Quando junto os dois últimos discos a minha impressão é de que é um disco duplo ou que as melhores músicas deles daria um disco perfeito para o fã! Isso no meu entendimento acontece nos outros discos também com exceção do TEN e do BINAURAL que possuem características únicas na qualidade do seu áudio, assim sendo VS + VITALOGY = 1 DISCO, NO CODE + YIELD E RIOT ACT + ABACATE... Bem, isso foi uma discussão gerada enquanto eu e meus colegas bebíamos...hehehe
ResponderExcluirA Pendulum tem uma temática obscura e o Backspacer é um disco que louva as coisas vivas, a natureza em primeiro plano, a vida de maneira geral. Swallowed Whole tem um ritmo animado, mas a letra é um tanto quanto obscura, lembrando a morte e o final das coisas, a efemeridade talvez, em muitos pontos. Apesar disso, acho que ela se encaixaria no Backspacer, mas a Pendulum não. Por esse mesmo motivo Down, que era a música preferida do Ed, não entrou no Riot Act, uma música animada, alegre e que mostra um lado otimista em um disco marcado por questões existenciais, de tom triste devido aos acontecimentos (Roskilde e Bush).
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