Getaway
O Pearl Jam tem uma habilidade incrível em compor canções questionadoras, profundas, satíricas e irônicas. Essa espiritualidade vai desde as calmas Present Tense, I Am Mine e Inside Job, passando por Marker in The Sand e Love Boat Captain, chegando até Do The Evolution e a recente Mind Your Manners, que são mais pesadas e raivosas. Aliás, quando saiu MYM senti algo que faltou no Backspacer: algo mais provocativo e pensante. Justamento por a banda fazer bem esse papel crítico eu esperava ouvir mais músicas assim no Lightning Bolt. E posso dizer que me surpreendi ao ouvir Getaway. Quando o Pearl Jam divulgou uma imagem pra cada música revelando o tracklist do Lightning Bolt dava pra ter uma pista sobre como poderiam ser as músicas. Getaway foi uma das que me chamou a atenção tanto por tratar sobre religião quanto por abrir o disco. Porém, pra minha surpresa, ela não é uma música tão barra pesada como o Pearl Jam costumava usar em abertura de alguns discos (por exemplo Brain of J. e Life Wasted). Entretanto, é uma música muito bem construída e que cresce ao longo do tempo.
Seu começo me recorda algo como uma mistura entre Satans Bed e U. Mas as semelhanças param por aí. Enquanto Mind Your Manners faz uma crítica mais pesada e desacreditada com relação as crenças, Getaway mostra uma visão mais pacificadora/conciliadora e mesmo assim provocante.
Get it off my plate
It's alright
I got my own way to believe
Ao meu ver, essa passagem da música se refere aquilo que muitas religiões tendem a fazer: nos empurrar ‘goela abaixo’ suas visões. Seria como um “Sai pra lá, cara! Eu tenho minha forma de ver o mundo e quero ser respeitado.”
And if you want to have to pray
It's alright
We all be thinking with our different brains
“Se você quiser rezar, tudo bem. Nós estamos pensando com nossos diferentes cérebros.” Isso pra mim tem duas interpretações: mostra uma visão sobre a liberdade religiosa, a qual muitas vezes não é alcançada na prática, ao mesmo tempo em que define algo mais desacreditado. Talvez não algo ateu propriamente dito, mas sim como alguém que vê que isto não é o que define os acontecimentos e o que acontece no mundo e na vida das pessoas. Essa crítica à maneira de agir dos religiosos prossegue:
Sometimes you find yourself being told to change your ways
For God's sake
mine is mine and your's won't take its place
Esta parte soa como um apelo usando até mesmo o que considero uma ironia pela expressão ‘for God’s sake’ ( = pelo amor de Deus). É algo como ‘me deixa em paz, me deixa seguir com o que EU acredito e não tente me vender essa sua visão”.
Quanto a melodia, Getaway tem um arranjo muito bom. A música começa como uma baladinha até mesmo dançante, mas acaba crescendo e ganhando força, se tornando uma música mais pesada em sua parte final, inclusive com um solo muito bom do Mike. Posso dizer que de todas as músicas até agora foi a que mais me chamou atenção junto com Let The Record’s Play. Talvez a minha única estranheza seja ela não começar com tudo como comentei anteriormente, uma vez que a tendência seria uma música mais pesada pra começar o disco como já observamos nos outros discos. É um Pearl Jam muito semelhante ao do Backspacer, mas com mais conteúdo. Com mais a dizer lapidando muito melhor suas músicas.
Luiz Henrique Varzinczak
Let the Records Play
Let the Records Play é como eu imaginava que seria: divertida e com uma batida alternativa, fora daquilo que estamos acostumados. A letra dela é lúdica e leve, mas com uma pitada de “coisa séria”; ao colocar os seus discos preferidos para tocar essa pessoa tem a chance de fugir dos problemas do seu cotidiano, e, adicionando alguma droga ou álcool à mistura, a coisa fica bem melhor.
A guitarra é ótima, tem uma levada dançante que combina com a atmosfera proposta pela letra: um sujeito cansado, ouvindo música, enquanto a sua cerveja/whisky/ou qualquer outra coisa é bebida com prazer e um cigarro vai sendo tragado aos poucos. O solo de guitarra entra no momento certo e se combina com a letra e a levada “blues” da música , completando assim esse “cenário”.
Minha opinião: adorei a Let the Records Play! Ela soa muito diferente de quase todas às músicas do Pearl Jam (lembra um pouco ½ Full), e mostra que a banda está buscando um som próprio para esse novo álbum, contrariando a expectativa de que ele fosse ser muito parecido com o seu antecessor.
As 4 músicas que vazaram estão mostrando que a banda está criando novos sons, buscando outros ritmos; e a Let the Records Play mostra bem isso. Ela mostra que há um “novo” Pearl Jam na área; para deixar mais claro essa colocação: “novo Pearl Jam” dentro do som que eles estão desenvolvendo desde o Abacate, diferente do Binaural, No Code, mais experimentais, mas com aquela característica única e singular que faz do Pearl Jam umas das grandes bandas da atualidade.
João Felipe Gremski
Parabéns, Luiz Henrique e João Felipe, pelas análises!
ResponderExcluirMudando de assunto, você sabe alguma coisa sobre esta reportagem que li?
"Além de "Lightning Bolt", o Pearl Jam está planejando para 22 do próximo mês, mais um disco. Trata-se de "The Essential", uma coletânea trazendo os maiores sucessos do grupo. Porém, vale atentar, que esta informação ainda não foi oficializada pelos caras. A pré-venda já está rolando no site Amazon, sem mostrar maiores detalhes." [fonte: cidadewebrock.com.br]
Conferi e, realmente, existe a venda no amazon:
http://www.amazon.com/Essential-rearviewmirror-1991-2003-Pearl-Jam/dp/B00F3AC6BS/ref=sr_1_3?s=music&ie=UTF8&qid=1379407538&sr=1-3&keywords=%22the+essential%22
Abs+bjs
Olá Luzia.
ExcluirAté onde sabemos será uma coletânea lançada pela Epic/Sony, antiga gravadora do Pearl Jam. Será o The Essential. Esse tipo de coletânea já existe para outros artistas.
Não creio que seja algo pretendido pela banda. Normalmente os contratos de antigamente estipulavam um número de discos a serem lançados. Talvez faça parte disso e a Sony esteja aproveitando a onda ascendente do Pearl Jam.
Igualmente, pra lembrar, tivemos o show do Chile em 2005 lançado em dvd no Brasil pela Coqueiro Verde Records e o do Austin City Limits.
Pra mim, Let the Records Play é umas das melhores músicas pós Binaural.
ResponderExcluirMúsica diferente, diferente de tudo que o PJ fez (Não concordo que parceça (1/2 Full). Baita som!! Era o que eu realmente gostaria de ouvir.
Getaway, concordo com o Luiz.... a música cresce muito no final...cresce até de maneira absurda. No início da Música acho bem ao estilo Backspacer com as guitarras simplistas e o som predominante sendo a bateria do Matt e o Baixo do Jeff..... Apartir do primeiro refrão... Caramba, até parece outra música... As guitarras ficam um pouco "independentes" entram no "novo" e termina com 2 solos interessantes..... principalmente o solo final.
Dando um nota....
Let the Records Play: 10
Getaway: 8
Vazou Sirens:
ResponderExcluirhttp://www.rdio.com/artist/Pearl_Jam/album/Sirens/
Mensagem dizendo que não está liberada para o Brasil. Alguma forma de burlar isso?
ExcluirÓtimo review de ambos. Essa leitura que você fez das músicas liberadas até agora, João, é exatamente o que penso, como escrevi no post sobre o assunto: um novo Pearl Jam de sempre - onde "novo" é o estilo que vem junto com o álbum Lightining Bolt e o "de sempre" de ser uma banda que sempre está buscando se diversificar, se atualizar e o mais importante: experimentar. Fico vendo as bandas atuais (sem realmente querer criar polêmica) e vejo que descobrem uma fórmula de música que os torna mais popular e depois não largam mais. Tudo e todos sempre iguais. Esta independência do PJ faz com que seus fãs sempre estejam em uma expectativa contínua, e isso não acontece só no lançamento dos novos álbuns, mas também nos shows, em novas interpretações que renovam as musicas criadas a mais de 20 anos (tanto em letra como também melodicamente). É por isso que admiro tanto este conjunto e que permaneçam assim, sempre juntos, até que a morte os separe.
ResponderExcluirManda para mim tbm.
ResponderExcluirbrunotini@bol.com.br
Obrigado